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terça-feira, 11 de março de 2008

Borrão Alemão.

Borrão alemão
Deitado na cama fria, o outono era vazio. A mulher morena repousada ao meu lado nada tinha além de ser morena ter sedosos cabelos longos. Seus olhos fechados, uma pinta do lado do rosto, fios arregaçados de serem punhados e puxados, mas ali calma parecia adolescente depois da surra. Pensei em sair fora dali o quanto antes, não queria ouvir palavras românticas, nem comer merda nenhuma. Fora um erro aquela cama, a morena e a sua gemida que mais parecia um estrago de animal sendo dopado. Senti-me mais vazio: nojo de mim. Sair abruptamente dali era tudo que queria, mas não faria isso, a mulher era uma apaixonada, ou se não, cantava Alcione por aí pra qualquer filho da puta.
Estava definitivamente com o humor ruim, naturalmente sou mais doce com quem como. 

Beijei sua orelha, pois só beijava os olhos de quem ainda restava-me algum sentimento. Outra mania era ainda roubar um souvenir para levar como tormento quase sentimental em minha casa cheia dos próprios: e ainda fazia arte com eles: "O hímen" era uma delas. Uma mistura santificada de sangue real de Deadora, ex-namorada e ex-virgem que só me dava e, portanto, manipulava-a para mantê-la em um cativeiro mental, até por ela ter uma espécie de adoração por minhas artes entranhadas em quadros geniosos. Inclusive seu sangue estava ali, só que ela não sabia é que juntamente com o de Hellen, que cortara o dedo como pacto, em uma espécie de encontro sado de amor.
Essas mulheres, essas meninas-mulheres... E ainda lembrei-me de Bia, cujo caso fora pior. Estremeci, não quis lembrar mais.
Contorci-me na cama vagarosamente a fim de sair dela, mas não... A morena tinha um sono fraco, que diabo, logo acordou. Abriu os olhos e sorriu dengosamente balbuciando " Meu amor". Meu amor?
Abriu os olhos e isto já bastou para a mulher em sua carência atirar-se mais, nua e com cheiro do meu gozo.
- Meu alemão, não faça essa cara de que vai agora, vou fazer café pra você, não gosta de café? Faço chá, faço outras coisas também... – “Puta que pariu, não lhe disse, nem diria, mas não queria sexo, não queria fazer poema nem ao menos pintar, nem café. Talvez café... Mas se estivesse sozinho, talvez água de coco, mas vou querer cagar e não quero aqui.
- Morena dos olhos de fel - peguei seu rosto entre minhas mãos branquelas - tenho que ir pro ateliê, estou inspirado – Odeio mentir, mas “de certa forma” realmente estava inspirado, só que inspirado a ficar sozinho - você tem os olhos de abelha rainha, tem mel nos lábios. - os olhos dela brilharam. Esses tipos carentes quando elogiadas, pronto.
- Te quero... – Disse ela com os olhos brilhando. Grande paixão humana: Vaidade. Agora era a hora.
- Então repete que me quer. - disse com olhar atento, sem piscar e indo beijar seu rosto, suspirando em seu pescoço.
- Te quero, .... - Já estava excitada, ótimo. Hora de ir e deixar o gosto de seu querer mais e não ter mais, que o ser humano também compete essencial. – Sorri já vestido, e bati a porta do apartamento pequeno ouvindo seu “não” em forma de suspiro - e sai fora com meu pensamento trêmulo.

Praia de Ipanema, Rocinha do lado. Aquele solzinho tênue e inebriante me fez lembrar aquela música "fascinação" que escutava enquanto minha avó via uma novela latina. Ou talvez lembrasse algo de Dali, deveria. 
Papéis em branco na mesa, mulheres mais velhas passando, idosas e idosas caminham na porra da zona sul essa hora: só tem rico nessa merda e jovem nascido no berço de ouro; a vida aqui é para turistas e para esses putos, amigos de artistas, ou fofoqueiros de revistas. Alguns pontos destes lugares alguns artistas, lojistas, estas aqui, como aquela; ou aquele restaurante, uma beleza. Os turistas querem ver morro, ali do lado a rocinha, querem ver o requinte brasileiro: aqui do lado a ilusão.
Vejo uns jovens vestidos de preto, pouco importa; mas vejo uma loira olhando o mar, sozinha contemplando a plenitude. Sabe se lá se era loira de verdade, mas a pele era branca quase pálida, gélida, não sorria e todos envolta conversavam algo, arrumados
parecia-me da noite anterior. Um mais espevitado a chamou, não ouvi seu nome, ela fumava um cigarro e analisava não sei o quê mais.Talvez sua vida de jovem narcisa, sua sainha de colegial ou sua camisa preta de botões, piercings, essa mania jovial ridícula de se auto-mutilar. De fato queria aparecer, mas estava ali, enquanto todos conversavam ou puxavam assunto a um metro. Ela fitava ainda o maldito mar que fazia uma ótima pintura na parede do horizonte.
Eu me sentei mais à ver a menina, poderia ser uma inutilidade, mas tudo está na nossa cabeça. Espevitados provavelmente gays de Ipanema tiravam fotos, ela levantou-se, fez uma pose. Estavam de costas para o mar e a narcisa me viu. Estava com minha calça bege e camisa de botão branca, desarrumado, mas dane-se, eu sou o que analiso aqui. Ela sentou novamente, dessa vez de lado. Às vezes olhava, longamente e fumava um outro cigarro de filtro amarelo. Nem devia saber fumar, para quê estava fumando não sei. Esses jovens acham que é bonito, só pode ser.
A distância minimizou-se. O olhar da narcisa era um poço de velhice. Ou ao menos transpassava. Queria saber da sua vida. Ela provavelmente pensava o mesmo, o que me fazia muito bem. Os espevitados a chamavam, já de pé caminhando e puxando-a em direção a estrada. Ela parada, sorriu de lado, disse alguma coisa, a maldita, sentaram-se mais. Soou errôneo; pensei mil hipóteses. Lembrei de minha irmã que morreu ainda nova, loiríssima, com aquele mesmo olhar. Não era dado a essas coisas, mas em meu ateliê mantinha um quadro dela pintado, o único ser em que minha sinceridade transcendeu o ápice dos costumeiros vai e vens inoportunos da vida chula que às vezes carregava.
Ela não parecia inocente mais, ou talvez não quisesse parecer inocente mais. De pé com o resto dos jovens, ela não me parecia tão jovem, andando como mulher ou ave a olhar cada canto do céu e ao mesmo tempo querendo que eu contemple. Cheguei perto com os olhos, por que ela chegava perto com os gestos, de certa forma, ela devia sentir uma indigesta noção de meu olhar, mordeu os lábios e fez uma feição de "pois é", que diabo feição, agora dá para analisar a fundo.
Moravam longe, pegariam ônibus do outro lado da rua. Passaram por mim e ela ainda ficou do lado do bar com um amigo só, colocando o salto, encostando-se na mesa. Não conseguiu colocá-lo, até ri, a estabanada teve de sentar. O amigo do lado falava
coisas sobre a vida, analogias loucas, e pude ouvir a rouquidão doce da voz da loura dizer:
- Peguemos um papel, escrevamos a vida paralela que cada um leva. Prefiro olhar o borrão que o céu faz refletir-se em nós do que viver da ilusão dos hipócritas. Mas vá lá, como tu dizes, "a vida sexual alheia aos outros é melhor ser dita...", pra quem vive e não suporta a morte que não seja a vida inteira de " de repente, não mais que de repente" de Drummond!

Arregacei os olhos e gravei na mente avaliando, o amigo com um sorriso de lado, completou:
- Pois as Hienas não fazem sexo, riem de tudo e ainda sim, viva Às Hienas! - O amigo debruçava-se sobre a loira, meio bêbado. Saíram de lá, até o ponto, a loira olhou-me, apontou para o papel sobre a minha mesa e foi-se embora.
Olhei atento; boa hora que saí da morena; desta vez não mentira para mim mesmo: estava com uma inspiração para pintar.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Luz vermelha.


Isento de lacrimejar, chorar, exercer.
Docente a alma ferida.
Peça quantos sorrisos seriam arricas, no preciso e impreciso
Faça carinho no rosto arisco que foge
No olhar que prende carinho e morre só
O que não tem endereço, não tem apreço por nada solúvel.
Foge do ar, lágrima, explode a alma e sangra,
Belíssima, na lateral vista na luz vermelha.


No ar.




Julgamentos se não feitos para organizar estudos, só servem como roupagens inúteis;
O real é o que todos vivem e pensam da mesma forma, só que em tempos, traumas e ângulos que diferem a amplitude deste mundo.
A verdade realmente lhe dói com toda a certeza que ser humano lhe causa de fato danos porém não irremediáveis, pois esta mesma verdade lhe cura cada parte que te transfigura ser “diferente”, na medida que não mais tateia na escuridão.
Todos nós somos otimistas oprimidos, pois a linha tênue da nossa doçura é covarde.
Comece a desmontar o quebra cabeça das ilusões que montou quando achava que tudo era um jogo e começou a jogar, fazendo ilusões e assim jogos inúteis a vagar, que inexistem.
Viva só o que palpita no teu peito, desatando tudo que lhe mostrar respeito: 
De alma, coração e vá além, portanto e muito. 
 Lembrando que seu julgamento é seu, e a injustiça virá a você com a certeza da rotação.
E alguém (alma sem matéria; alma que sobrevoa): é mais uma esperança recebida como aquele fio transparente de amor ligado ao céu que ninguém de fato vê, mas pode ser capaz de jogar-se ao ar e puxá-lo com a força conjunta que faz-se a pergunta, mas nunca deveria fazer a desistência. 
Pois afinal o mistério é o enredo da vida;
E já nos basta ela a entreter-nos em natureza oculta ou vislumbre "divino".
Larga-te dos enredos humanos, liberte a alma e incite a capacidade.
Capacidade esta onde não existe medo, nem tempo, nem julgamento.
Sem complexidade e nada bucólico, sem rótulo e sem preço.
A vida que se sente de dentro para fora e ganha cada pedaço dela de fora para dentro.
Tudo se soma e se multiplica. Ou você some em seus próprios pesadelos egoístas. 

Dali

quarta-feira, 5 de março de 2008

Realidades poéticas subversivas e teatrais

ATO I

1° voz:

- Não queira chorar. Não mostre sensibilidade. Não mostre que não podes mais. Não mostre que és humano.

2ª voz:

(Crueldade)

- Os sapos enfunando papos não preferem mais as poesias de bandeira.

Escuta-se um choro.

3ª voz

("Fraqueza")

- Não posso chorar perante a isto? Meu peito transborda de dor.

1° VOZ

- Ávida, mas ainda sim, não é um poema e não merece chorar pelos sapos de bandeira.

3ª VOZ

(vitimação)

- Não vê aquela voz acometer meus sentidos em tamanha crueldade?

1° VOZ

(Desdém)

- Uma voz de repente acomete seus sentidos; mas desde quando voz acomete sentido se não em poema? Que tua voz medíocre nada é!

A luz apaga, nada se escuta, talvez as pessoas pensando, pensando, pensando e isso causa inquietação, um mover delas em suas cadeiras.

ATO 2

2° VOZ

(olhando para os pés)

- Queira chorar. Mostre sensibilidade! Mostre que podes mais. Mostre que és humano.

1° VOZ

(quase chorando)

- Vá ler Bandeira.

Suspiro

Para ela, o céu é um suspiro inalcançável hoje;
Da sua boca saem palavras nervosas, mas ela não se escuta realmente nervosa. Dentro dela, algo lhe diz que não com quem devia demonstrar o quanto estava. Por que de algum modo, entende.
E entende-lo para ela é o pior, pois não se acha máquina para ser testada, apesar de tudo. Ou é um suspirar ao mesmo tempo ou não é. Pode confessar mil coisas e acabar virando o pássaro com as asas cortadas. Mas então confessa que entende aquele garotinho adolescente com o cabelo que cai e os olhos brilhantes, artista e errante de si mesmo.
Se alguém sabe falar dele não existe pessoa melhor do que ela que o estuda todos os dias. Pensa todos os momentos, quando não está ou quando está em sua companhia, mesmo não admitindo de maneira alguma este fato, mas está. Cortando talvez e gritando a força dos pensamentos e as lágrimas sempre interiores.
E talvez se travasse uma luta contra o tempo, talvez até uma luta contra si mesma, talvez nesta eterna luta, o sentiria bem, quando chorasse em sua frente. Talvez se desamarrasse seus pulsos ou derramasse seus versos, enfim, poderiam alcançar o céu de suspiro.
Mas é como ele e com muito menos tempo o peso de tudo a deixa aqui, exigindo reações lógicas, mesmo que não seja as que acreditam de fato ser as melhores para ela mesma e sim para proporcionar sorrisos. Em outro extremo, o que lhe cativa e o que lhe toca é sempre mais difícil, pois afinal é difícil uma postura. Acaba ou apenas continua, na facilidade de ser dócil com quem não tem resquícios de sangue salpicado na alma. Por isso, com tudo, entende e por entender mais ainda quer entendimento, e melhor seria se não entendesse? Não.
Em seus olhos uma luz recheia a íris, saboreando o mesmo tom que pretende para o resto do que vê: unificação. E ficou para trás, uma infância de poemas na parede, em contra tempo de adolescência, agradece tê-la vivido e pretende desfazer-se de orgulho, quanto a ele, mas nunca irá se depender de seus próprios nós atados ou daquela infantaria de inseguranças dele. Nada se faz sozinho, percebe meio atribulada, voltando a voltar para o mesmo ponto. É contra evolução de Freud. E já sobre Freud, definitivamente, já não quer ouvir falar, mas o agradece. Agora apenas precisa ouvir o suspiro, o real, o verdadeiro, aquilo que nos faz passar de fase, mesmo cheio de cortes. Até tanto tempo, acreditara no amor atado ao espírito, mesmo que a mente humana faça mil estripulias, o filtro é o respeito pelas reais vontades e este não acaba, por ser verdadeiro. E aprofundar-se em pensamentos e preocupações mais uma vez não filtrou todos aquelas vontades, pensamentos ou seu próprio silêncio que tanto ele reclamava. Em pleno passo, gradativamente foi limpando a mente, deixando cada sentimento e até ele e todas os poentes psicológicos infantis do próprio em algum lugar já longe, do outro quarterão. Sentiu-se mais leve, o bastante para enfim, suspirar. Afinal, o céu é um inalcançável suspiro hoje.



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Antes de Fevereiro.




Fevereiro
Meu doce fevereiro
Escuto tua voz, que doce se mistura com o aroma das flores das manhãs do passar dos tempos.
O sorriso brilhante, o castelo do passado
Ligam-se ao vento consternado à tudo que se foi e à tudo que virá...
Esse meu doce fevereiro.
Desenho nanquim purificado de chuva

E de pitadas sol, faz-se arco íris lá no fim
Ouro reluzente de todos os anos
Vi e virarão meus sonhos
Viram meus sonhos:
Vaidades plantadas; despertadas colheitas
Doce fevereiro de prosa, poema enfeitado
Meu doce meio, mais um de mais tantos amargos gritos e devaneios
O som tênue dos fantasmas antepassados
que, em valsa desato como o templo indeterminado que corre inatingível.

Meu doce Fevereiro, meu irmão faz música dentro do calendário.
Um terremoto em idéias enclausuradas espantadas em catarse
Em que acordo um doce nome, uma doce idade, neste doce fevereiro
Mais a mais, mais ameno o dia, mais fogos carnavalescos
Mais luz por trás da lua
Este meu doce fevereiro só espelha-se
Escorre,
Singelo
Fevereiro
Fevereiro
D'arte...


Todos os lugares que eu vou é fevereiro
Todos os lugares que eu vou são estes olhos e eu não
posso vê-los, não posso tê-los... Em frente ao espelho.



Vislumbre bar-cênico.


Os que fiz para conhaque literal - e agora passando para cá: Em outro tempo havia dito:

” Talvez por que não quero pôr versos ou escritas (como denomino, como denominador, como denominador incomum...) novos, que fiz à pouco, até por que estão ainda dentro da cachola, ou intocados em pautas no caderno. Talvez eu faça textos, como costumeiro, loucos por sinal (ainda mais hoje, posto que a loucura é relativa. Tudo está relativo para cacete) versos não estou com aquela inspiração inteira, está meio quebrada por dentro, meio estilhaçado e usaria métricas e disfarces. Seriam insípidos ou iguais à algum outro, e isso, definitivamente não me agradaria, rasgaria, deletaria, colocaria na gaveta das imperfeições: Quer imperfeição maior que ser "normal"? É contido demais pra mim." Pois bem, um pouco mais de um vislumbre inocente bar-cênico.



Visões malditas, cerdas sujas de piche comunista
Mostra-te à mostra o nascer da tua freqüência
Teu pulso, teu grito, tua tinta suja que o anarquismo agride
Mostra-te um terremoto de idéias
As remotas te imploram: calam estas vértebras!
Quebram-se os neurônios junto aos corações!
Partem as nações vestidas de desmandos de ventos...
Partem-se em coágulos de sangue, escorre a perdição dos tempos...

Visões benditas, bem dizeis aonde estás o prazo do amor
Mal dito: para onde foram os socialistas rumo ao sol?
Salvam-se e deslava, a Sra e o Sr. a colecionar cabeças de papel de onça!

Colecionar suas vidas e outros seu poder.
Bem dito, seja:
O prazo deste amor se estende nas mãos de quem o compreende
Quantas linguas hà de aprender, mentir e dever
Qual submundo comunitário não destruirá seus lares, quando toda essa conversa sairá dessas mesas de bares...?

Tema sem fim ... !





(Carolina, 2007)

Emparvecer-lhe



Argucioso,

subterfúgio de êxtase,
Enlevo como lasso:
Viro um moçame de tão instável,
Ora amparo ora resguardo;
Prosifico à tudo e todos como vivo;
Na meia luz da meia vida;
Do inteiriço belle époque: (meu cântico sussurrado);
No espelho se espelha meus traços;
E tudo é cantável como só
Como até junto, e como ensimesmando;
Então paradigma, paradoxo
Igualifica sutileza
Disparate dos lábios, languidez
De volta ao subterfúgio
Não me rendo
Nem ao enlevo
Desgranido, volúvel ao léu
O que faz o significado em teste lascivo?

...Tudo é emparvecer.




Avesso Nietzsche.

Memorando, outubro de 2007.


Cético, não poético. Questiono. Meu dever é este e por mim, inverter, embaralhar. Tudo depende da forma como olhar.

Nietzsche é poetinha, enfiava bananas e no fundo fazia riminhas das quais participei esta sua grande idéia. Esta sua, ou não.

Assim como
ossos,
carne,
intestinos e
vasos sangüíneos
estão encerrados em uma pele
torna a visão do homem suportável
as agitações e paixões da alma
estão envolvidas pela vaidade;
ela é a pele da alma.

- Nietzsche.

Bonequinho do globo sentado, atento, quase um sorriso, interessadíssimo!


Depois de ler Vontade de potência(ou poder) e absorver o nilismo de Nietzsche (pela¹ de Zarathustra), o que ele mesmo conduz como nilismo passivo tal que de passivo é apenas o enfiar das bananas, posto que sua vontade absoluta gigantesca era tão social quanto à que ele pregava pura bobagem a desprender-se, devia expor o fantoche NiE. Bom, viva o socialismo, viva a revolucione, etc. e tal. A questão não é essa, falemos da poesia bela e pura de Nietzsche, que apesar de perguntar-se " Por que nasci tão provido de inteligência?" não percebera que também era ótimo com rimas e para falar de paixão. ²²²²²²²

¹- Pela, do verbo "pelar" o saco. Ou simplesmente, seguir o mesmo padrão de Zarathustra ou, claro, Kant camuflado. Camufladíssimo.

²²²²²²- Nada contra as idéias racionais e seu livro (vontade de potência - ensaio de uma transmutação de valores) é realmente grande fonte. Poesia é sátira ou talvez não. Banana é verdade, puríssima.

- OBS: rapidinha:

Nietzsche foi voluntario, enfermeiro na guerra Guerra franco-prussiano. Nietzsche antes de morrer teve acessos de loucura e "encarnava" cristo (ironia - tal que as pessoas viam como se ele tivesse feito de tudo para que desacreditassem nele.). Fica entre isto e entre o fato de ter feito tudo para a religião ficar fora dos contextos sociais. Admiro-o desta forma: fora o "herói" a continuar a luta contra os preconceitos e ilusões humanos (política, religião) da época, desfazendo máscaras e mostrando valores racionais, humanos, sociais, ui... "Nietzsche é um dos autores mais controversos na história da filosofia moderna" no mesmo passo maluco e ponto final.


Nelson: sempre uma boa.

(Pois algumas entrevistas valem a pena ser relidas)
"Nelson, para você, o que é amor?"
Sou uma das raras pessoas das minhas relações que acredita no amor eterno. Já escrevi mil vezes: todo amor é eterno e, se acaba, não era amor. O amor não morre - vivo eu dizendo. Morre o sentimento que é, apenas uma imitação do amor- muitas vezes uma maravilhosa imitação do amor.
Diz Oswaldinho, na minha peça Anti-Nelson Rodrigues: “Quando eu a vi, senti que não era a primeira vez, que eu a conhecia de vidas passadas.” Isso quer dizer que só quem ama conhece a eternidade. Isso é romantismo de maneira despudorada. Isso é amor. Sou uma alma da Belle Époque e de vez em quando me pergunto o que é que estou fazendo em 1974.

Mas Nelson, não haverá má fé inconsciente na idéia de que se o amor não é eterno ele não era amor?


O amor eterno pode parecer, de fato, uma justificativa de todas as infidelidades. Procurando o seu amor eterno, o homem não seria fiel a ninguém. Acontece que eu já confessei que nunca fui fiel e considero isso uma mácula que tenho quase como um estigma físico. Mas conheço vários casos de amor eterno.
Um deles: o de meu irmão Mário pela minha cunhada Célia. Morreu Mário e Célia matou-se, para segui-lo. Outro caso: O da minha tia Iaiá pelo meu tio Chico. Este era por assim dizer um bêbado nato e hereditário. Mesmo sem beber, continuava embriagado. Era um homem que, nas suas crises de alcoólatra, enfrentava a polícia montada, derrubando cavalos e enfrentando a multidão. Mas era só Iaiá aparecer para que aquele possesso, de repente e mansamente, saísse atrás dela. Nunca Chico elevou a voz para Iaiá. Sempre foi o homem magnetizado pelo amor: era diante dela um menino patético e tão órfão. Aos 80 anos, ele era um namorado bêbado, mas namorado. E assim ele morreu e assim ela morreu com o amor que continua para além da vida e para além da morte, como Mário e Célia.
E o sexo, não faz parte do amor?
Eu acho o sexo uma coisa tranqüilamente maldita, a não ser quando se dá este acontecimento inacreditável, do sujeito encontrar o amor. Mas um sujeito precisa de quinze encarnações para viver um momento de amor. Porque a mulher amada, nada a obriga a estar na cidade onde a gente mora, a cruzar o nosso caminho. De forma que encontrar a mulher amada é um cínico e deslavado milagre. Então o sujeito não tem o direito de usar o sexo a não ser por amor. E dizer que isto é uma necessidade é uma das maiores burrices que se pode imaginar, porque a gente argumenta, quando fala nesta necessidade, como se o homem fosse o Boogie Woogie, um cachorro da vizinhança que namorava uma cadelinha que eu tinha. O Boogie-Woogie, em certo período, vinha para o meio da rua e ali ficava, os carros passando e o atropelando, e ele lá, firme, enquanto a cadelinha, presa na varanda, ficava olhando. O Boogie-Woogie sim, precisava. Nós não: precisamos é de amor. Eu digo isto como um homem que usou com certa freqüência e que criou esta falsa necessidade de uma atividade sexual normal, que eu não considero normal coisíssima nenhuma.
"Só acredito nas pessoas que ainda se ruborizam"
Curiosidades que o fazem...
Na adolescência de Nelson uma das "pequenas" que ele era totalmente apaixonado passou de carro por ele ( Ele dizia que foi nessa época que teve suas maiores paixões.).
Bom, ele correu atrás do carro dela e se pos frente a ele, declamando Augusto dos Anjos. A pequena (daquelas!) não fechou a janela mas fingiu não escutar.
Diz-se que ele correu vários quarteirões atrás dela mas acabou desistindo pelo cansaço.
Outra paixão obrigatória de Nelson eram as professoras, todas. Era considerado um taradinho.
Mas sua primeira paixão matou-se de uma forma não muito interessante, essa curiosidade não irei expor. Entre outras, do meu âmago carinhoso, minha relação com Nelson.

" Nós sabemos que o sujeito mais livre do mundo é o leitor. Nada interfere no pudor, na exclusividade e na inocência de sua relação com a obra de arte".

Enfim, não se têm uma imagem com uma entrevista e poucas frases: leia sobre, Nelson sempre será uma boa.
"É preciso ir ao fundo do ser humano. Ele tem uma face linda e outra hedionda. O ser humano só se salvará se, ao passar a mão no rosto, reconhecer a própria hediondez".

Ela por ela.

(2006)

Devo dizer que tu és tudo que eu sempre quis.
Meus passos são feitos da luz dos seus sonhos.
Meus olhos refletem os seus no espelho do querer.

Sua subjetividade me é Objetiva.
Suas metas são meu objetivo.
Seus namorados me deixam aos nervos,
apesar de me distrair.
Seus anseios por igualdade me fazem temer a falta de limite.
Mas meus limites são seus valores.
As vezes temo o quanto você é seletiva, altiva perante ao que as vezes eu recaio.
Suas recaídas perante a minha forma de ter orgulho.
O modo como você dança é o modo como eu escuto.
Sua instabilidade de humor faz inseguro
o quanto estável são os nossos sentimentos verdadeiros.
A sua necessidade de liberdade perturba e ao mesmo tempo faz teu futuro.
Suas palavras sobre suas idéias

Estas incontestáveis por não contestarem nada mais que a verdade da minha vontade.
É minha realidade.
Sua vaidade me atrasa, mas faz o que eu quero.
O seu natural é minha intimidada com vocês.
Sua arma é a nossa fortaleza.
Seu time é de quem nos conhece de verdade,
de quem tu ama e as vezes me ferra por tanto querê-los bem.
Sua justiça é absurda, meu egoísmo é por ele.
Suas poesias se misturam com o que eu demonstro,
nos seus olhos.
Sua vontade de mudar é a mesma vontade que temos
de querer ficar mas sem nos prendermos.

Quando você corre, eu vôo.
Sua dureza me faz ter vontade de chorar, mas não poderíamos ser diferentes,
numa terra tão dura, você mostra a dor e o amor.
Seu Amor é tão verdadeiro quanto tudo que você sente.
Me completa com o "para sempre".
Meus problemas são quando você não é quem eu sou,
por alguma coisa, que já basta o amor.
Gritar alguma música para você é desenhar para mim,
é arte, é a nossa tradução.
Você brincando sou eu alegre.
Seu modo de ver depende do modo como
eu quero ser feliz.
Suas Lagrimas sofridas são minhas lágrimas de felicidade,
Do tipo que foi de verdade.
Seu auto controle sustenta o quanto tu és capaz de dominar-me sem calcular,
Sendo eterna companheira da sinceridade,
de tudo que nos é natural, tudo que só
tem que ser, se for de verdade, por mais
que eu fantasie.
Eu sou sua verdade, sua realidade,
Sou sua vida,
Só eu posso contigo,
Me domino pra dominar.
Consigo, dividida, em mim, sou tu, meu sonho.